PESSOAS MAIS DO QUE ESPECIAIS...

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14 de dez. de 2011

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TÔ BÃO NÃO, porque hoje é...

ARGHhhhhh..... e ela chegou novamente!
E vou avisando: TÔ BÃO NÃO...
Hoje eu tô cansado e desanimado para qualquer coisa...
Dormi mal... (não sei dizer como, mas acordei do lado contrário onde normalmente durmo... do outro lado da cama).
E a Sra. Abranches me pôs pra´ fora mais cedo (ela quer lavar os edredons para deixá-los limpos e embalados para a mudança...).
Vou servir meu cafezim sem açúcar, enquanto me ponho a escrever.
Escrever nas segundas feiras não é uma tarefa muito fácil para mim... fico com a cabeça vazia, cheia de miolo mole. Mas isso só acontece na segunda feira, visse?
Mas acho que vou começar por um assunto que seria bom esclarecer e pelo qual fiquei muito chateado. 
Você sabia que na comunicação interpessoal existe uma técnica denominada de “telefone sem fio” ou “técnica do cochicho”? Esta técnica objetiva mostrar o quanto a comunicação verbal pode nos trair no seu contexto. Como diria a minha conterrânea Dilma: vô ixplicá.
Consiste no seguinte. Uma mensagem ou informação é cochichada no ouvido de uma pessoa e pede-se para ela, da mesma forma, passar adiante. Acontece que nessa conversa pé da orêia prá cá... pé da orêia prá lá... a mensagem acaba sendo  alterada e, ao final, chega toda istrupiada.
Pois muito bem.  Mas por que este preâmbulo todo?  Calma, vô ixplicá, como diria a minha conterrânea Dilma.
Acontece que recebi uma dessas ligações sem fio aos cochichos, no pé da orêia mêsss, indicando que "EU" não tenho simpatia pelas segundas feiras...!!!
Ora, faça-me o favor! Ondijásiviu? Como é que mudam a versão da realidade dessa forma?
Não... não é uma  simples questão de “simpatia”... é ódio mesmo!
TÔ BÃO NÃO e odeio todas as segundas feiras, mesmo que ela caia na terça ou quarta...
Sabe, viajei prá Minas e constatei que lá a segunda feira é a mesma coisa... um dia muito sem graça.
Mas sei que o “pobrema” está em mim. Sou EU quem precisa mudar...
Passei o dia inteirinho descansando no hotel para que à noite eu pudesse  dormir melhor. Isso na segunda feira...
Mas naquela mesma noite, numa animação que me foi imposta pela Sra. Abranches, me  intimou, digo, convidou a ir ao cinema. Uai, Cambuí também tem cinema. E dos bão, sô. Para você ter uma idéia, tem até “lanterninha”!?
Mas ouça bem a história. TÔ BÃO NÃO!
Sobe ladeira... desce ladeira... chegamos ofegantes na praça onde concentra a Igreja Matriz, o Ponditács (leia-se Ponto de Táxi), a sorveteria, a lotérica, o clube literário e de teatro (éééé....), e o não menos famoso Cine Cambuí.
Acredito que toda praçinha do interior das minhas Minas Gerais tem essa mesma configuração, salvo uma ou outra que conta também com uma padaria que produz pão de queijo o “dintirím”, das 5 da manhã até as 8 da noite. Mas continuemos.
Já na porta de entrada, uma surpresa. Deparamos com uma figura que  parece fazer parte do patrimônio folclórico Cambuiense. Um senhor com trajes surrados e um chapéu que parecia ter sido feito com palha de milho e aquelas fitas cassetes antigas, lembra? Pois é.
Numa das mãos ela segurava uma cordinha de sisal e mantinha o seu cão preso na outra extremidade (ou era o cão que o mantinha ali, sei lá...). Se me perguntar qual o nome dele não saberei te responder, mas o apelido eu sei, é NÔ TIPO. Sabe por que?
Pergunta-se a ele:
_E aí? Tudo bem? E ele responde:
_Nô tipo... 
_E ai? Será que chovê? E vem a resposta:
_Nô tipo...
_O filme de hoje é bão?
_Nô tipo... e dá uma gargalhada que me deixa a dúvida se quis dizer que o filme é bom ou não.
E por aí vai. Tudo pra ele, sendo bão ou ruim, é “nô tipo”.
Fomos  ver os cartazes.
Na programação mensal só filmes antigos, muitos quase da minha idade... TÔ BÃO NÃO.
Num pequeno quadro estava escrito o que seria exibido naquela noite.

H O J E,   em primeira exibição!!!
Alisdichindli, de Istivispíuberg

???
??
?

Traduzindo do mineirês para o português claro:
A Lista de Schindler , de Steven Spielberg. Ri dimaisdaconta... mas tive que parar de rir para acudir a Sra. Abranches que estava quase perdendo o fôlego... de tanto rir. TÔ BÃO NÃO.
Na sexta feira exibiriam “CIDÁDUZAMJU” com Nícolaqueiji e Méguirrian (Cidade dos Anjos, com Nicolas Cage e Meg Ryan). E anunciava também que em breve exibiriam a película “Isquecêru d’eu aqui traveis, sô” (Esqueceram de mim 2) e “Percurânonemo” (Procurando Nemo).
Mas em Minas tem que ser assim mêsss... purcáusdiquê se não num atrai o púbrico.
E como se diz no popular que “quem não tem cão, caça com gato”, fui lá eu sendo arrastado pela risonha e faceira Sra. Abranches, para ver Alisdichindli. TÔ BÃO NÃO.
Mas falando em formas de comunicação e linguagem, nós erramos muito mêssss....
Dizemos coisas no nosso dia a dia mas nem sempre paramos para questionar o real significado. Por exemplo. Esse ditado que citei, muito popular por sinal, (quem não tem cão, caça com gato) com certeza foi muito cochichado utilizando-se a técnica do telefone sem fio.
O correto seria dizer “quem não tem cão, caça COMO gato”, ou seja: caça só. E vamos errando e transferindo o erro para novas gerações, aos cochichos no pé da orêia...
Quer um outro exemplo? Vô explicá, como diria a minha conterrânea Dilma.
Dizemos assim: “cor de burro quando foge”, atribuindo uma cor indefinida para qualquer coisa, quando o correto seria dizer “CORRO de burro quando foge”, muito diferente, né?  Faz muito mais sentido...
Desde pequeno aprendi duas coisas: declamar uma poesia para minha mãe e a ter medo do bicho-papão. Até hoje não me esqueço de nenhuma das duas coisas...
O versinho é assim: “batatinha quando nasce, esparrama pelo chão...” Lembra disso?
Pois então; tá errado! Tem-se que cantarolar “batatinha quando nasce, ESPALHA A RAMA pelo chão”, que é a característica da batata de espalhar a “rama” e não “as batatas” pelo chão. Já o bicho papão anda mais feio... agora transfigurados em políticos corruptos.
João Abranches também é cultura. TÔ BÃO NÃO.
Uma outra: “cuspido e escarrado” é, na verdade, “esculpido em carrara” Carrara é um mármore nobre. Dizer que alguém se parece com outrem, significaria dizer que foi esculpido como quem esculpe em mármore carraro.
Tem uma que é o máximo. Costumamos falar “esse menino não para quieto, parece que tem bicho de carpinteiro”, certo?
Errado! Deveríamos dizer esta expressão popular da seguinte forma: “esse menino não para quieto, parece que tem bicho NO CORPO INTEIRO”.
Você então percebe que algumas coisas estão “nô tipo” e outras, ao contrário, estão “nô tipo” como diria meu folclórico cidadão cambuiense. 
Bom, acabou que fiquei teclando... teclando... não tomei o meu café e ele já esfriou... e agora acaba de passar por mim uma montanha de edredon´s se arrastando até a área de serviço... Será que elas pegaram a Sra. Abranches?
_ Calma muié... tô indo de socorrer!
TÔ BÃO NÃO
Grande beijo para você neste dia, que para mim é um dia “nô tipo” .
Tenha uma semana de trabalho profícuo, muita luz, harmonia e alegria... e agora deixe-me acudir a Sra. Abranches porque senão a trouxa vai jogá-la dentro da máquina de lavar.
Bjssssss


Quem tem boca vai a Roma...  
Quem tem boca VAIA Roma", do verbo vaiar...
Sei lá, tá tudo "nô tipo".

õ[õ Jota-A

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