O texto abaixo é de autoria da jornalista Sheila Lizz e, com sua devida autorização, posto-o aqui.
Sheila, além de jornalista, é mãe, corretora de seguros, dona de casa, conselheira sentimental e professora de inglês. Possui uma certa "veia artistica", provavelmente uma herança de sua família.
Gosto muito desse texto (e de muitos outros seus) e pretendo - de tempos em tempos - ir apresentando mais coisas dela.
Com vocês: Sheila Lizz.
Ah... esquecí de dizer que ela é minha filha.
O que há de novo...
Não era bem isso que ela tinha em mente quando resolveu aceitar a tal proposta. Sabia das dificuldades que uma nova vida traria, mas, mesmo assim se surpreendeu (ou melhor dizendo, se decepcionou) quando viu seus planos se desorientarem. Nada mais estava sob seu controle, a não ser a ordem doméstica, o cardápio do dia e outras trivialidades de uma housekeeper.
Ao redor olhava a janela da cozinha com a cortina quadriculada amarelinha (presente da sogra), as vassouras penduradas no suporte pregado na parede e o pano de pratos em cima do fogão. Era isso agora!
Antes, tinha seus horários preenchidos de vida, de trabalho, de amigos e, principalmente de família. Ultimamente fica na solidão de sua nova vida, de sua nova casa e com seu novo avental.
Cheirava a pitanga! Ah, bons tempos. Tempos em que seu perfume de pitanga era notado e apreciado. Gostavam muito desse cheiro! Agora, contentem-se em sentir o amaciante, na melhor das hipóteses...
Lia e compartilhava das idéias de Betty Friedan, Simone de Beauvoir, Drucilla Cornell, Seyla Benhabib, Heloneida Studart, e claro, Regina Navarro Lins. Hoje procura receitas culinárias. Pelo menos no almoço tem algo novo, sai da triste rotina. Entrava na cozinha apenas para deliciar os pratos de seu pai (que é ótimo gourmet e culinarista), agora é a autora, nesse ambiente estranho ainda.
Autora....sonha em ser autora! Na verdade continua lendo. Vício, aliás, bom hábito, herdado do seu pai (aprendeu com a mãe a enxergar as semelhanças). Escreve, raramente. Reflete, diariamente. Mas, principalmente, sonha. Com novos rumos, novas oportunidades e novos textos. Que venham eles!
A sensação de escrever e ser lida, e claro, apreciada, alimenta a esperança de que há ainda algo mais adiante... Espero que ao alcance ainda!"
Texto escrito em agosto/2009
Imagem: Secret Garden - Artwork by Bente Schlick.